Década de 60

Década de 60: A sociedade passava por acelerado ritmo de mudança no aspecto cultural, evidenciada nos costumes: vestuário, música e ações individuais e coletivas.A Guerra do Vietnã, a Revolução Cultural Chinesa influenciavam os sistemas socialistas. Em maio de 1968, estouraram as revoltas dos estudantes franceses, repudiando o autoritarismo em todos os níveis, o que veio a influenciar estudantes e outras categorias, do mundo todo.

No Brasil, o crescimento industrial, o aumento significativo das estradas de rodagem, a construção de Brasília… trouxeram alta inflação, déficit público, dificuldades em manter a produção industrial. Os problemas agrários geraram sérias tensões sociais, gerando o “êxodo rural” (saída do homem do campo para as cidades), que não tinham estrutura para receber tantos camponeses. O Regime Militar passou a governar o Brasil.

       O Grande ABC viveu momentos de tensão devido ao clima político vigente. Era forte o movimento sindical. O aumento da população, o empobrecimento dos operários, levaram ao surgimento de inúmeras favelas na periferia e a lutas por melhores condições de moradia.

Enquanto isto, no Bairro Paraíso… Padre Luis Paganini (1964 a 1972)

Em 1964, o Padre Luís Paganini veio trabalhar nesta região. Foi criada pelos moradores a “Ação Social Nossa Senhora do Paraíso”, da qual fizeram parte o Sr. Querino das Dores, Sr. João Delfino de Oliveira, Sr. Pedro Zampa e muitos outros membros desta Comunidade.  Padre Luiz celebrava no galpão escolar, na casa de moradores na Vila Apiaí para, finalmente, iniciar os trabalhos onde hoje é a Matriz Nossa Senhora do Paraíso.

Em 24 de junho de 1965, em Decreto de Criação de nossa Paróquia, Dom Jorge Marcos de Oliveira, Bispo Diocesano, anuncia: “havemos por bem criar e canonicamente erigir a nível de Paróquia Nossa Senhora do Paraíso, no bairro do mesmo nome em Santo André”. Padre Luís Paganini foi nomeado Vigário desta Paróquia e a 05 de dezembro de 1971, o Bispo Dom Jorge Marcos de Oliveira dá a bênção inaugural à Igreja Matriz Nossa Senhora do Paraíso.

Em 1972, o Padre Luis Paganini se afastou por motivo de doença, mas, mesmo doente, se colocou a serviço da Paróquia, sempre com seu jeito humilde e acolhedor.

Imagem de N.Sra. do Paraíso                  Inauguração da Igreja

Depoimentos de nossos paroquianos: 

Querino das Dores: “Eu fui membro do Conselho Fiscal e Deliberativo da “Ação Social Nossa Senhora do Paraíso” e tomamos posse em 8 de janeiro de 1965. A pedido do Padre Luiz, demos início às ações sociais para ajudar as pessoas e também realizamos as festas e a venda do “metro do terreno” para ajudar na aquisição do mesmo.”

João Delfino de Oliveira: “Nossas quermesses duravam três meses e vinha gente de tudo quanto é canto. Arrecadávamos dinheiro, para ajudar na construção. O Padre Luiz pegava seu jeep, montávamos o som e ele mesmo ia para as ruas, chamando o povo para a festa.

 Guilherme Joaquim Krauser e Ana Braguiroli Krauser: O Grupo de Canto era comandado pela Sra. Maria, esposa do Sr. Pedro Zampa, sua filha Fidalma, que foi responsável, por 40 anos, pelo Grupo de Canto Nossa Senhora do Paraíso. As primeiras Catequistas: Ana, Tereza, Dora, Marta, Elza, Nicinha e Ruth. Em 1966, fui convidado a trabalhar na Paróquia, mas, quando vinham à minha casa, enquanto batiam palmas, eu fugia pelos fundos… Em 1975, acabei me engajando na comunidade.”

 Vera Luzia Sargo de Melo Lima:  “Presto tributo ao Prof. Ayrton Martins, Diretor do Grupo Escolar do Bairro Paraíso (Dr. Luís Lobo Neto), educador enérgico, porém com ampla visão social e comunitária. Junto aos membros da Associação, convidou maridos de algumas professoras para participarem das negociações para a compra do terreno, visando à construção da Igreja. Que felicidade de todos da Comissão, quando a compra foi efetuada, contando com a participação de toda comunidade, que contribuía através de carnês, conforme suas possibilidades.”

Virgílio Guerra: “O Padre Luís tinha um jipe e vinha visitar as pessoas, ensinado religião às crianças. Ele vinha todos os sábados almoçar na nossa casa e incentivou meus filhos a frequentar aulas de violão. Participei da compra do terreno da Igreja e sou dizimista, até hoje. Quando o Bispo D. Cláudio Hummes veio rezar a primeira missa na Paróquia, fui eu quem fui buscá-lo na Cúria Diocesana. Fiquei muito feliz!”

 Comunidade São Jorge: “Era uma pequena casa, com um salão para celebrações no piso superior. No piso inferior, uma pequena cozinha, quarto e garagem, onde o Padre Luis Paganini se instalou. Ergueu-se uma cruz no centro, na parte da frente do terreno. Ali se celebravam Missas, havia Catequese e Primeira Comunhão. Certo dia, com a presença do Bispo D. Jorge, o Padre e a Comunidade resolveram homenageá-lo, com a denominação: Capela São Jorge.”

 Isaltino Martins: “As primeiras celebrações da Comunidade São Jorge eram realizadas na casa do Sr. Lima e Zulmira, à Rua Piramboia, Vila Apiai. Padre Luís Paganini encontrou muitas dificuldades, assim também aconteceu com outros padres; cada um sofreu, viveu, lutou…

Dona Maria Cardosa (Maria Portuguesa): “Meu esposo, Eduardo Pires, comprou a imagem de Nossa Senhora de Fátima, lá de Portugal. Demorou um pouquinho, ele comprou em dólar, pagou a passagem e doou para a Igreja. No dia da chegada, fizemos uma bonita festa, com dança portuguesa, em homenagem a Nossa Senhora.” (Dona Maria faleceu em julho de 2012, uma semana após ter dado este testemunho).

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