Nhá Chica

Foi no distrito mineiro de São João Del Rei, onde Francisca de Paula de Jesus nasceu em 1810, mais precisamente na cidade de Santo Antônio do Rio das Mortes. Seu atestado de batismo marca a data de 26 de abril daquele mesmo ano, marcando o dia como um dos mais importantes para a igreja católica no Brasil. Afinal, esse foi um dos primeiros registros daquela que seria conhecida anos e anos mais tarde, como Nhá Chica, a primeira beata do sul de Minas Gerais. 

Filha livre de uma ex-escrava, Nhá Chica dedicou sua vida inteira à missão de atender, acolher e aconselhar a todos que a procurassem pedindo por sua ajuda. De tanta caridade e carinho dispensados aos que nela chegassem, foi chamada de “Mãe dos Pobres”, devido também à sua humildade e simplicidade na vida. 

Sua história iniciou-se com sua chegada em Baependi (MG) acompanhada por sua mãe e pelo irmão Teotônio, trazendo a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Com a morte de sua mãe em 1818, Francisca ficou órfã com apenas 10 anos de idade, e seu irmão, com 12, tendo os dois ficado aos cuidados de Deus e da Virgem Maria. De pequena, Nhá Chica chamava carinhosamente Nossa Senhora de “Minha Sinhá”, que quer dizer, Minha Senhora. Tudo a Ela consultava, tendo até abdicado de propostas de casamento para se dedicar inteiramente ao Senhor. Extremamente dedicada a todos que a solicitavam, foi desde muita jovem que Nhá Chica ajudava ricos e pobres que pediam por conselhos, orações e orientações para negócios. Por muitos, era considerada uma “santa”, e dizia “É porque eu rezo com fé”.

Com o passar do tempo, seus atendimentos realizados com tanta caridade e amor, acabaram transformando sua fama de santidade e Baependi foi cada vez mais procurada por pessoas de todas as partes. Todas pedindo por orações e socorro por suas necessidades. Amorosa e sempre cheia de paciência, Nhá Chica atendia a cada um com toda dedicação, salvo às sextas-feiras, quando guardava este dia para rezar ainda mais e para lavar suas próprias roupas, recordando a sexta-feira à Paixão e a Morte de Nosso Senhor de Jesus Cristo, para salvação de toda a humanidade. Nhá Chica também tinha o costume de orar especialmente às três horas da tarde, oferecendo suas preces à Virgem da Conceição. 

Por ter sido analfabeta, Nhá Chica queria muito saber ler as Escrituras Sagradas. Como não lia, contentava-se com alguém lendo para ela, tendo composto uma Novena à Nossa Senhora da Conceição e também construído uma pequena igreja ao lado de sua casa. Diante da imagem, que considerava sua mãe, rezava fervorosamente por todos que a procuravam. Quem visita Baependi, pode ver até nos dias de hoje, a mesma imagem de Nossa Senhora da Conceição (considerada sua mãe), na sala da casa onde Nhá Chica viveu. 

Foi em 1954 que a Igreja de Nhá Chica passou a ser cuidada pela Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor. A partir de então, iniciou-se, ao lado da igreja, uma obra de assistência social para crianças carentes. A entidade é mantida pelos devotos de Nhá Chica e chama-se INC- Instituto Nhá Chica acolhendo mais de 150 crianças.

A bondade da pequena Francisca tem tido tanta repercussão que a “Igrejinha de Nhá Chica”, tornou-se o “Santuário Nossa Senhora da Conceição”, acolhendo peregrinos de todo o Brasil e do mundo. Atualmente, no “Registro de graças do Santuário” há milhares de graças alcançadas por intercessão de Nhá Chica.

Nhá Chica partiu para a casa do Senhor no dia 14 de junho de 1895, estando com 87 anos de idade, mas foi sepultada somente no dia 18, no interior da Capela por ela construída. Há relatos de que as pessoas que ali estiveram sentiram exalar-se de seu corpo um misterioso perfume de rosas durante os quatro dias de seu velório. 

103 anos mais tarde, o mesmo perfume foi novamente sentido no dia 18 de junho de 1998, por Autoridades Eclesiásticas e por membros do Tribunal Eclesiástico pela Causa de Beatificação de Nhá Chica e, também, pelos pedreiros, por ocasião da exumação do seu corpo. Seus restos mortais, agora, da Venerável, estão no interior do Santuário Nossa Senhora da Conceição em Baependi, onde é venerado pelos fiéis de todos cantos do mundo.

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